Observatório Socioeconômico do Noroeste Fluminense

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Estimativas sobre os impactos do Complexo do Açu na demografia e no emprego numa avaliação de "curto prazo".


Números menos otimistas de aumento de emprego e população com o Complexo do Açu

O blog publicou ontem, aqui, as estimativas de incremento de emprego e de população, em Campos e SJB, para o período de 2008 e 2025, previstos no capítulo 8, do EIA (Estudo de Impacto Ambiental) do emprendimento do estaleiro da OSX.O estudo também prevê um cenário de crescimento menor, que é chamado de “Curto Prazo”, embora o período de análise seja também de 2008 a 2025, como pode ser visto nas duas tabelas abaixo.Por estas estimativas, que parecem menos exageradas, o incremento de empregos previstos para Campos e São João da Barra, com a implantação do Complexo do Açu, no período de 2008 a 2025 caem de 253 mil empregos, para 99 mil novos empregos. No caso do crescimento da população, ao invés da projeção de mais 1,3 milhão de novos habitantes, a estimativa, chamada de “curto prazo” prevê mais 486 mil novos habitantes, sendo 221 mil a mais para Campos dos Goytacazes e 265 mil habitantes para o município de São João da Barra.

Esta estimativa de crescimento é para o ano de 2025 que somados à população à população pela tendência de crescimento atual daria uma população total, no ano de 2025, de 751 mil moradores, em Campos e 299 mil habitantes, em São João da Barra. Esta expectativa é cerca de 80% menor do que ao cenário pleno (publicada aqui ontem) que previa uma população residente em Campos mais SJB de 1,8 milhão de habitantes.

Ainda assim, estas estimativas são muito significativas num prazo de apenas 15 anos, se considerarmos, por exemplo, que Macaé, como sede da Bacia de Campos, e base da cadeia produtiva de explração de petróleo e gás, levou, o dobro deste tempo, 30 anos (1974 a 2004) para sair de 20 mil para 130 mil habitantes.

O blog já comentou aqui, neste espaço, as consequências do aumento de população no que diz respeito à demanda de educação, saúde, habitação, saneamento (água e esgoto), segurança, transporte público, etc. Logo, a identificação deste cenário, considerado "de curto prazo" mostram as tarefas que o poder público, municípios e estados, além dos empreendodres terão pela frente para não transformar a região num verdadeiro caos.

Outra observação a ser feita é que se os empregos crescem, em número redondos em 100 mil novas vagas e a população residente cresce em 500 mil habitantes, considerando, uma PEA (População Economicamente Ativa) de 30% da população total, os dois municípios terão somados daqui a uma década e meia (em 2025) um déficit de 50 mil empregos, ou seja, teremos importado 50 mil desempregados.

Estranho, não? O desenvolvimento econômico acontece, o PIB sobe, as vagas de emprego crescem, mas o aumento da população decorrente do fluxo migratório gerará tantos empregos quanto desempregados. Desempregados precisam de políticas públicas, programas de transferência de renda (bolsa família e outros), programas habitacionais, saúde, boas escolas, etc. Quanto mais gente, mais despesas de custeio, além dos investimentos para o crescimento dos equipamentos públicos paradar conta deste crescimento populacional.

Só um esforço regional, intermunicipal, com articulação com o governo do estado, com a participação dos empreendedores , numa ação que até pode ser chamada de "Gestão Integrada do Território", ou o nome que o valha, poderá minimizar as consequências deste crescimento gerado pela implantação do Complexo do Açu.

Imaginem todas estas demandas sem os royalties, ou mesmo, com redução de suas parcelas. Assim, quem mais deve defender os royalties, daqui por diante, deverá ser o grupo EBX.

Fonte: http://robertomoraes.blogspot.com/

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