Observatório Socioeconômico do Noroeste Fluminense

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

IBGE: PNAD 2009



PNAD 2009: rendimento e número de trabalhadores com carteira assinada sobem e desocupação aumenta

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009 mostra avanços em diversos indicadores, como o aumento do percentual de empregados com carteira assinada, de 58,8% em 2008 para 59,6% em 2009. O rendimento mensal real de trabalho também permaneceu em elevação, com aumento de 2,2% entre 2008 e 2009, e a concentração desses rendimentos, medida pelo Índice de Gini, continuou se reduzindo, de 0,521 para 0,518 (quanto mais perto de zero, menos desigual é a distribuição). Além disso, o trabalho infantil prosseguiu em queda (em 2009, 4,3 milhões de pessoas de 5 a 17 anos trabalhavam, contra 4,5 milhões em 2008 e 5,3 milhões em 2004), e a escolaridade dos trabalhadores continuou em alta. Em 2009, 43,1% da população ocupada tinham pelo menos o ensino médio completo, contra 41,2% em 2008 e 33,6% em 2004, e os trabalhadores com nível superior completo representavam 11,1% do total, frente a 10,3% em 2008 e 8,1% em 2004.
Por outro lado, o mercado de trabalho brasileiro, como ocorreu na maioria dos países, sentiu os reflexos da crise internacional. Em relação a 2008, houve aumento de 18,5% na população desocupada (de 7,1 para 8,4 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade), sobretudo entre os mais jovens, e crescimento da taxa de desocupação, de 7,1% para 8,3%, invertendo uma tendência de queda nesse indicador que se mantinha desde 2006. A população ocupada, estimada em cerca de 92,7 milhões, não se alterou significativamente frente ao ano anterior (aumento de 0,3%), e o nível de ocupação caiu de 57,5% para 56,9%.
A PNAD 2009 investigou 399.387 pessoas em 153.837 domicílios por todo o país a respeito de temas como população, migração, educação, trabalho, família, domicílios e rendimento, tendo setembro como mês de referência.
Em relação às condições de vida da população, a pesquisa mostra que vem aumentando o acesso a serviços como abastecimento de água por rede geral (de 42,4 milhões em 2004 para 49,5 milhões em 2009), coleta de lixo (de 43,7 milhões em 2004 para 51,9 milhões em 2009), iluminação elétrica (de 50,0 milhões em 2004 para 57,9 milhões em 2009) e rede coletora ou fossa séptica ligada à rede coletora de esgoto (de 29,1 milhões em 2004 para 34,6 milhões em 2009). O acesso a bens duráveis, como máquina de lavar, TV e geladeira, também vem crescendo, bem como o percentual de residências que têm computador (34,7% em 2009), Internet (27,4%) e telefone celular (78,5%).
Em 2009, o número de domicílios particulares permanentes foi estimado em 58,6 milhões de unidades e a população brasileira chegou a 191,8 milhões de pessoas, sendo que as mulheres representavam 51,3% e os homens, 48,7% do total. A estrutura etária dessa população continuou apresentando tendência de envelhecimento, e 11,3% das pessoas tinham 60 anos ou mais de idade. Quanto à escolaridade, houve leve redução da taxa de analfabetismo para as pessoas de 15 anos ou mais de idade (de 11,5% em 2004 para 9,7% em 2009) e da taxa de analfabetismo funcional para essa mesma faixa etária, de 24,4% para 20,3%.
A PNAD 2009 também trouxe novidades em relação às edições anteriores. A tecnologia da informação se tornou um tema permanente, e a pesquisa registrou que o número de usuários de Internet mais que dobrou, aumentando de 31,9 milhões em 2005 para 67,9 milhões em 2009. Também passou a investigar o estado civil de pessoas com 15 anos ou mais de idade, dado que até então só era obtido no Censo, e constatou que os casados constituíam 45,8% da população nessa faixa de idade, contra 42,8% de solteiros – sendo que nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste havia mais pessoas solteiras que casadas. A pesquisa verificou ainda se os estudantes frequentavam escolas públicas municipais, estaduais ou federais (antes só havia a divisão entre públicas e privadas como um todo), se os trabalhadores por conta própria e empregadores trabalhavam para empresas com CNPJ ou não, e a posse de carro, moto e DVD, que estavam presentes em, respectivamente 37,5%, 16,2% e 72% dos domicílios.
Além das comparações com os anos de 2004 em diante, quando passou a cobrir integralmente todas as unidades da federação, também foi realizada uma comparação histórica de 1992 a 2009, harmonizando os dados com a cobertura existente até 2003, que excluía as áreas rurais de quase todos os estados da região Norte, à exceção de Tocantins. A seguir, os principais resultados da PNAD 2009.
Entre 2008 e 2009, percentual de ocupados cai de 57,5% para 56,9%
Em 2009, dentre as 162,8 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade, 62,1% faziam parte da força de trabalho, ou seja, estavam trabalhando ou procurando trabalho e, por isso, eram consideradas economicamente ativas. Esse percentual manteve-se estável tanto em relação a 2008 quanto a 2004 (62% em ambos os anos).
Entre essas 101,1 milhões de pessoas economicamente ativas, 91,7% trabalhavam na última semana de setembro de 2009, e as demais 8,3% procuravam trabalho. A população ocupada em 2009 (92,7 milhões) não se alterou significativamente frente a 2008 (aumento de 0,3%) e representava 56,9% das pessoas de 10 anos ou mais de idade. Essa taxa, chamada nível da ocupação, caiu em relação a 2008 (57,5%), mas subiu em relação a 2004 (56,5%). O Sul apresentou o maior nível da ocupação em 2009 (61,6%) e o Nordeste, o menor (54,4%).
População desocupada cresce 18,5% em relação a 2008
A população desocupada (8,4 milhões de pessoas em 2009) cresceu 18,5% em relação a 2008, quando havia cerca de 7,1 milhões de desocupados no país. Em 2004 esse contingente era de 8,2 milhões de pessoas. A taxa de desocupação passou de 7,1% em 2008 para 8,3% em 2009, quando foi interrompida a trajetória de queda iniciada em 2006. Apesar de continuarem sendo a maioria (51,3%) na população em idade ativa (10 anos ou mais), as mulheres ainda eram, em 2009, minoria (42,6%) entre os ocupados e mais representativas na população desocupada (58,3%). Menos da metade das mulheres (46,8%, ou 39,5 milhões) estava ocupada em 2009, entre os homens, 67,8% estavam ocupados, e de 2008 para 2009, a elevação da taxa de desocupação foi mais significativa para elas (de 9,6% para 11,1%) do que para eles (de 5,2% para 6,2%).
Escolaridade dos trabalhadores continua a aumentar
Em 2009, 43,1% da população ocupada tinham pelo menos o ensino médio completo, contra 33,6% em 2004, e os trabalhadores com nível superior completo representavam 11,1% do total, frente a 8,1% em 2004. Nesse intervalo de tempo, os percentuais de ocupados nos níveis de instrução mais baixos caíram, e os com níveis mais altos cresceram. Em 2009, nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, os percentuais de pessoas ocupadas com pelo menos o ensino médio ultrapassavam 40%; no Sudeste (14,1%), Sul (12%) e Centro-Oeste (12,5%) o percentual de trabalhadores com ensino superior completo era maior que a média nacional.
Em 2009, 42,9% da população ocupada trabalhavam em atividades de serviços. De 2004 a 2009, caiu o percentual de ocupados nas atividades agrícolas (de 21,1% para 17%); a indústria (de 14,6% para 14,7%) e o comércio (de 17,3% para 17,8%) mostraram estabilidade; e houve altas na construção (de 6,3% para 7,4%) e nos serviços (de 40,4% para 42,9%).
Trabalho com carteira assinada manteve crescimento, tanto no ano, quanto em relação a 2004
Em 2009, mais da metade da população ocupada (58,6%) era de empregados, 20,5% eram trabalhadores por conta própria, 7,8% trabalhadores domésticos, e os empregadores eram 4,3%. Os demais 8,8% eram trabalhadores não remunerados (4,6%), trabalhadores na produção para o próprio consumo (4,1%) e na construção para o próprio uso (0,1%). Entre os 54,3 milhões de empregados, 59,6% (ou 32,3 milhões) tinham carteira de trabalho assinada, 12,2% eram militares e estatutários e 28,2% não tinham carteira de trabalho assinada. O Sudeste tinha o maior percentual de trabalhadores com carteira de trabalho assinada (67,3%) entre os empregados, e o Norte, o menor (42,4%). A participação dos trabalhadores com carteira entre os empregados cresceu em relação a 2004 (quando era de 54,9%), enquanto a dos sem carteira caiu (era 33,1% em 2004).
Em todos os grupamentos de atividade foi confirmada a tendência de aumento da participação dos empregados com carteira de trabalho assinada. Em 2009, havia 7,2 milhões de trabalhadores domésticos no país, e em relação a 2008, o contingente cresceu 9%. No mesmo período, houve crescimento de 12,4% (ou mais 221 mil trabalhadores domésticos com essa garantia trabalhista) no número de trabalhadores domésticos com carteira assinada (2,0 milhões). Entre 2004 e 2009, enquanto o contingente de trabalhadores domésticos cresceu 11,9%, o de trabalhadores domésticos com carteira aumentou 20%.
Número de trabalhadores associados a sindicato cai e de contribuintes para a Previdência sobe
Em 2009, 16,5 milhões de trabalhadores eram associados a algum sindicado, o que representa 17,7% da população ocupada. Houve uma redução de 1,9% em relação a 2008, quando o percentual foi 18,2%. A região Sul tinha o maior percentual de trabalhadores sindicalizados (20,7%) e a região Norte, o menor (14,1%). O número de trabalhadores contribuintes do instituto de Previdência, por outro lado, continua aumentando. Em 2009, cerca de 49,6 milhões de trabalhadores, 53,5% do total da população ocupada, contribuíam para a Previdência, em 2008, eram 48,1 milhões (52,1%) e em 2004 o percentual era de 46,4%.
PNAD investiga trabalho em empreendimentos com CNPJ
A PNAD investigou, pela primeira vez, entre os trabalhadores por conta própria e os empregadores, se o empreendimento em que trabalhavam na semana de referência tinha registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Estima-se que 14% dos trabalhadores por conta própria trabalhavam em empreendimento com registro no CNPJ, para os empregadores o percentual foi de 68,4%. As regiões Sul e Sudeste foram as que apresentaram os maiores percentuais de trabalhadores em empreendimentos com registro no CNPJ.
Trabalho infantil mantém-se em queda e é agrícola e masculino
O nível de ocupação infantil está em declínio. Havia 5,3 milhões de trabalhadores de 5 a 17 anos de idade em 2004, 4,5 milhões em 2008 e 4,3 milhões em 2009. Cerca de 123 mil deles eram crianças de 5 a 9 anos de idade, 785 mil tinham de 10 a 13 anos de idade e 3,3 milhões de 14 a 17 anos de idade. A região Nordeste apresentava a maior proporção de pessoas de 5 a 17 anos de idade ocupadas (11,7 %) e a Sudeste, a menor (7,6 %).
Das pessoas de 5 a 17 anos de idade ocupadas, 34,6% estavam em atividade agrícola e 9,4% produziam para o próprio consumo ou na construção para uso próprio. O rendimento médio mensal de todos os trabalhos das pessoas de 5 a 17 anos de idade ocupadas aumentou de R$ 262, em 2007, para R$ 269, em 2008 e R$ 278 em 2009.
Rendimento do trabalho cresce 2,2% entre 2008 e 2009, mas ainda não chega a patamar de 1996
O rendimento médio mensal de trabalho cresceu 2,2% entre 2008 e 2009, subindo de R$ 1.082 para R$ 1.111. Embora tal crescimento seja maior que o observado entre 2007 e 2008 (1,7%), ficou abaixo dos percentuais registrados entre 2006 e 2007 (3,1%) e 2005 e 2006 (7,2%). O quarto ano consecutivo de alta nesse índice, entretanto, não o faz o maior da série: em 1996, o rendimento do trabalho somava R$ 1.144. Mesmo assim o ganho acumulado desde 2004 alcançou 20%.
Na comparação com 2008, o maior crescimento ocorreu no Norte (4,4%), atingindo R$ 921; seguido por Sul (3% - R$ 1.251), Nordeste (2,7% - R$ 734) e Sudeste (2% - R$ 1255). Única região a registrar queda do rendimento médio mensal real do trabalho, o Centro-Oeste (-0,6%) continuava entretanto com o maior valor: R$ 1.309.
Nordeste supera Centro-Oeste como região onde rendimento de trabalho é mais concentrado
Entre 2008 e 2009, o Índice de Gini para os rendimentos de trabalho no Brasil recuou de 0,521 para 0,518 (quanto mais próximo de zero, menos concentrada é a distribuição dos rendimentos). Em 2007, este índice era de 0,528 e, em 2006, de 0,541. No Nordeste, caiu de 0,546 para 0,542 entre 2008 e 2009; e no Sul de 0,486 para 0,482. O Sudeste não apresentou mudança significativa, passando de 0,496 para 0,495, ao contrário do que ocorreu no Centro-Oeste, onde o recuo foi de 0,552 para 0,540. Tal queda fez com que a região deixasse de apresentar o maior índice de concentração neste item, o que ocorria desde 2007. Em 2009, este posto foi ocupado pelo Nordeste. Considerando o sexo, em 2009, o rendimento médio mensal das mulheres (R$ 786) representou 67,1% do obtido por homens (R$ 1.171). Em 2004, este percentual era de 63,6%, e vem crescendo desde então.
Rendimento de todas as fontes cresce pelo quinto ano consecutivo
O rendimento médio mensal real de todas as fontes cresceu 2,3% entre 2008 e 2009, atingindo R$ 1.088. Os valores reais médios de todas as fontes, para o período 2004-2008, foram: R$ 915, R$ 962, R$ 1.020, R$ 1.046 e R$ 1.064. Assim como nos rendimentos de trabalho, o crescimento ocorreu em todas as classes de rendimento, especialmente nas mais baixas, resultando em queda do Índice de Gini, de 0,530 para 0,524.
Em 2009, o rendimento médio domiciliar ficou em R$ 2.085, com ganho real de 1,5% em relação aos R$ 2.055 verificados em 2008. Entre 2004 e 2009, o aumento acumulado somou 19,3%. Como o crescimento foi mais intenso nas classes de rendimento mais baixas, houve queda no indicador de concentração, fazendo o índice de Gini recuar de 0,514 para 0,509. O Norte foi a única região a ter aumento do índice no período, de 0,477 a 0,491.
Crescimento no número de idosos é o triplo do da população como um todo
A participação das pessoas com 25 anos ou mais de idade no total da população brasileira vem aumentando ano a ano entre 2004 (53,7%) e 2009 (58,4%), enquanto a das pessoas na faixa até 24 anos de idade vem diminuindo e caiu 46,3% para 41,6% no mesmo período. Na comparação entre 2008 e 2009, houve redução de 642 mil pessoas na população até 24 anos de idade, enquanto a faixa etária de 25 a 59 anos aumentou em 1,8 milhão de pessoas. A taxa de fecundidade foi de 1,9 filhos por mulher em 2008 e 2009, contra 2,1 em 2004.
Na população de 60 anos ou mais o crescimento foi de 697 mil pessoas entre 2008 e 2009, o que representou um aumento de 3,3%, contra uma elevação de 1% no total da população residente do país. Em 2009, 11,3% dos brasileiros tinham 60 anos ou mais de idade, frente a 11,1% em 2008 e 9,7% em 2004. A região Norte seguiu com as maiores concentrações relativas nos grupos etários mais jovens, sobretudo de pessoas de 5 a 14 anos de idade, 21,4% em 2009. Já as regiões Sul e Sudeste apresentaram os maiores percentuais na faixa de 40 a 59 anos (25,6% e 26,2%) e na faixa de 60 anos ou mais (12,7% e 12,3%).
Quanto à cor, a população residente estava composta por 48,2% (92,5 milhões) de pessoas que se declararam brancas; 6,9% (13,3 milhões), pretas; 44,2% (84,7 milhões), pardas e 0,7% (1,3 milhão) de amarelas e indígenas. Frente a 2004, observou-se crescimento de 2 pontos percentuais na proporção dos que se declararam pardos (42,2%) e de 1 ponto percentual dos que se declararam pretos (5,9%).
Norte, Nordeste e Centro-Oeste têm mais pessoas solteiras que casadas
Em 2009, no Brasil, havia cerca de 66,6 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade casadas, 45,8% do total dessa população, enquanto os solteiros representavam 42,8% (62,3 milhões). Nas regiões Sudeste e Sul, os respectivos percentuais de pessoas casadas (48,2% e 49,7%) foram maiores que o de solteiras (38,9% e 37,9%), enquanto nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste os percentuais de solteiras (57,8%, 47,1% e 45,7%), superaram os de casadas (35,1%, 43,6% e 43,1%), com maior diferença (22,7 pontos percentuais) na região Norte.
A partir do grupo de 35 a 39 anos, o percentual de casados na população masculina manteve-se acima da feminina, crescendo acentuadamente a diferença entre estes dois indicadores com o aumento da idade. A maioria das pessoas viúvas estava na população feminina, sendo que o percentual de viúvas (9,4%) foi mais de quatro vezes superior ao de viúvos (2,2%), em razão da maior expectativa de vida das mulheres.
Taxa de analfabetismo funcional em queda, mas está acima de 20%
A taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais caiu 1,8 ponto percentual entre 2004 e 2009. Apesar disso, no ano passado ainda existiam no Brasil 14,1 milhões de analfabetos, o que corresponde a 9,7% da população nesta faixa etária. A PNAD estimou também a taxa de analfabetismo funcional (percentual de pessoas de 15 anos ou mais de idade com menos de quatro anos de estudo) em 20,3%. O índice é 4,1 pontos percentuais menor que o de 2004 e 0,7 ponto percentual menor que o de 2008.
O Nordeste foi onde o analfabetismo mais se reduziu entre 2004 e 2009 (de 22,4% para 18,7%), mas apresenta o índice bem acima das demais regiões, quase o dobro da média nacional. Nessa região, merece destaque também a redução do analfabetismo funcional, em 6,6 pontos percentuais de 2004 para 2009.
Entre os analfabetos, 92,6% tinham 25 anos ou mais de idade, o que representava 12% do total da população nesta faixa etária. Entre as pessoas de 50 anos ou mais de idade, a taxa de analfabetismo era de 21%. A PNAD mostrou ainda que a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade era maior entre os homens (9,8%) que entre as mulheres (9,6%).
Em 2009, a população com curso superior completo chegou a 10,6%, 2,5 pontos percentuais acima de 2004. Entre os que haviam concluído o nível médio, houve um aumento de 18,4% para 23% no mesmo período. Pouco mais de 78% dos 55,2 milhões de estudantes brasileiros frequentavam a rede pública de ensino, percentual superior a 81% nas regiões Norte e Nordeste. Apenas no nível superior a rede privada atendia mais estudantes (76,6%).
Entre os estudantes que frequentavam escola da rede pública, no Brasil, 54,7% estavam na esfera municipal, 42,9% na estadual e 2,4% na federal. As escolas municipais atendiam a maioria dos estudantes nas regiões Norte (55,5%) e Nordeste (67,3%).
Escolarização aumenta; brasileiros de 10 anos ou mais de idade têm em média 7,2 anos de estudo
Segundo a PNAD, entre as crianças de 6 a 14 anos, a taxa de escolarização (percentual dos que frequentavam escola) era de 97,6% em 2009, 1,5 ponto percentual a mais que em 2004. Mesmo nas classes sem rendimento ou com renda inferior a 1/4 do salário mínimo per capita, a frequência à escola era de 96,5% para essa faixa etária, aumentando à medida que as condições econômicas também se elevavam, chegando, nas famílias cujo rendimento era de um ou mais salários mínimos, a 99%. O percentual de crianças de 6 a 14 anos na escola foi superior a 96% em todas as regiões do Brasil. Para os adolescentes de 15 a 17 anos, a taxa de escolarização em 2009 era de 90,6%, frente a 84,5% em 2008 e 85,2% em 2004; já entre os jovens de 18 a 24 anos de idade, os percentuais eram de 38,5% em 2009, 24,2% em 2008 e 30,3% em 2004. Entre as crianças de 4 a 5 anos, 86,9% estavam na escola, percentual igualmente superior aos de 2008 (76,2%) e de 2004 (74,8%).
Apesar do aumento nas taxas de escolarização, a PNAD mostrou que, em 2009, os brasileiros de 10 anos ou mais de idade tinham em média 7,2 anos de estudo. Entre 2004 e 2009, a proporção de pessoas que tinham pelo menos 11 anos de estudo subiu de 25,9% (38,7 milhões) para aproximadamente 33% (53,8 milhões). Por outro lado, o percentual de indivíduos com menos de quatro anos de estudo caiu de 25,9% (38,7 milhões de pessoas) para 22,2% (36,2 milhões).
12% dos domicílios têm apenas um morador
Dos 58,6 milhões de domicílios particulares permanentes estimados em 2009, 18,3% tinham cinco ou mais moradores, após uma queda de aproximadamente 1% ao ano, desde os 23,3% registrados em 2004. Os domicílios com dois e três moradores aumentaram conjuntamente de 42,8% para 47,7% e os com apenas um morador passaram de 10,4% para 12% no mesmo período. O número médio de pessoas por família residente em domicílio particular foi de 3,1 pessoas em 2009, o mesmo registrado em 2008.
De 2008 para 2009, crescem os totais de domicílios com abastecimento de água, coleta de lixo, iluminação elétrica e coleta de esgoto
O número de domicílios atendidos por rede geral de abastecimento de água (49,5 milhões) representava, em 2009, 84,4% do total e aumentou 1,2 milhão de unidades em relação a 2008, mantendo a tendência de crescimento dos anos anteriores. Destaca-se a evolução da região Centro-Oeste, onde o acréscimo de 1,7 ponto percentual na proporção de domicílios atendidos, em relação a 2008, representou um aumento de 151 mil domicílios, alcançando 3,6 milhões de unidades em 2009.
No que se refere ao esgotamento sanitário, em 2009, a proporção de domicílios atendidos por rede coletora ou fossa séptica ligada à rede coletora de esgoto (59,1%) praticamente não se alterou em relação à de 2008 (59,3%), embora tenha aumentado em termos absolutos (de 34,1 milhões para 34,6 milhões, no período). As regiões Norte e Nordeste mantinham as menores parcelas de domicílios atendidos por este serviço, com 13,5% (555 mil domicílios) e 33,7% (5,2 milhões), respectivamente.
Já a coleta de lixo alcançou 88,6% dos domicílios (51,9 milhões) e teve um aumento de 0,7 ponto percentual em relação a 2008. Nesse mesmo intervalo de tempo, aumentou o percentual de domicílios com iluminação elétrica, de 98,6% para 98,9% do total.
Região Norte tem mais domicílios com moto do que carro
Em 2009, a proporção de domicílios com automóvel foi de 37,4% e a dos com motocicleta foi de 16,2%. Na comparação com 2008, ambos percentuais tiveram elevação, em 1 e 1,5 ponto percentual, respectivamente. A região Norte apresentou percentual de domícilios com moto superior ao daqueles com carro (20,9% tinham motos e 18,0%, carros), situação inversa à das outras regiões.
Também houve avanços, de 2008 para 2009, na proporção de domicílios com bens duráveis como máquina de lavar roupa (de 41,5% para 44,3%), geladeira (de 92,1% para 93,4%) e televisão (de 95,1% para 95,7%), comportamento observado desde a década de 1990. Investigado a partir de 2008, o DVD (disco digital de vídeo) estava presente em 72% dos domicílios em 2009, proporção 2,6 pontos percentuais acima da do ano anterior.
Telefonia celular de uso pessoal aumentou quatro vezes em cinco anos
O acesso à telefonia teve expressiva evolução impulsionada pelo crescimento da telefonia móvel celular. De 2004 a 2009, os domicílios que tinham telefone passaram de 65,2% para 84,3% do total e o percentual dos domicílios que tinham somente telefone móvel celular aumentou quatro vezes, de 16,5% para 41,2%. Já o número de domicílios no país só com telefone fixo convencional caiu de 17,5% para 5,8% nesses cinco anos.
Em 2009, 94 milhões de pessoas da população de 10 anos ou mais de idade (57,7%) declararam possuir telefone móvel celular para uso pessoal, correspondendo a um aumento de 8,7% em relação a 2008 (7,6 milhões de pessoas). As regiões Norte (49%) e Nordeste (45,4%), permaneceram as únicas onde menos da metade da população possuía telefone móvel celular para uso pessoal, enquanto o Centro-Oeste estava em primeiro lugar, com 68,5%. O percentual dos que tinham telefone móvel celular para uso pessoal foi maior entre as pessoas de 20 a 39 anos de idade, ultrapassando 70%.
Sudeste mantém maiores percentuais de domicílios com microcomputador e Internet
Em 2009, 35% dos domicílios investigados em todo o país (20,3 milhões) tinham microcomputador, frente a 31,2% em 2008, e 27,4% (16 milhões) também tinham acesso à Internet, contra 23,8% em 2008. A região Sudeste se manteve acima das duas médias nacionais: 43,7% e 35,4%, respectivamente. As regiões Norte (13,2% dos domicílios com computador) e Nordeste (14,4%) ainda seguiam com as menores proporções.
Em um ano, número de pessoas que acessaram a Internet aumentou em 12 milhões
Em 2009, 67,9 milhões de pessoas com 10 ou mais anos de idade declararam ter usado a Internet, o que representa um aumento de 12 milhões (21,5%) sobre 2008. Em 2005, a Internet tinha 31,9 milhões de usuários; o aumento no período foi de 112,9% e observado em todas as regiões. O Sudeste se manteve com o maior percentual de usuários (48,1% em 2009 e 26,2% em 2005). As regiões Norte (34,3% em 2009 e 12% em 2005) e Nordeste (30,2% em 2009 e 11,9% em 2005) apresentaram os menores percentuais em cada ano, mas registraram os maiores aumentos percentuais nos contingentes de usuários (respectivamente, 213,9% e 171,2%).
Entre 2005 e 2009, o percentual de pessoas que utilizaram a Internet foi maior entre os jovens: 71,1% das pessoas de 15 a 17 anos acessavam a rede em 2009; em seguida vieram as pessoas de 18 ou 19 anos (68,7% de acessos). A faixa etária etária que menos utilizava a Internet foi a de 50 anos ou mais: 15,2%, mas esse contingente de usuários cresceu 138% no período.
As mulheres avançaram mais que os homens com relação ao acesso à Internet, especialmente nas faixas etárias de 30 a 39 anos (28,2% das mulheres contra 24,8% dos homens); de 40 a 49 anos (31,9% contra 21,8%); e no grupo de 50 anos ou mais de idade (46,1% contra 35,5%).
PNAD realiza comparação histórica harmonizada de 1992 e 2009
A PNAD realizou uma comparação histórica considerando o período de 1992 a 2009. Para isso, os resultados foram harmonizados com a cobertura geográfica da PNAD existente até 2003, quando a pesquisa cobria todo o país exceto as áreas rurais de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. A pesquisa constatou redução entre 1992 e 2009 na participação das pessoas dos grupos etários de 0 a 9 anos (de 22,1% para 15%) e de 10 a 17 anos (de 18% para 14,4%) e crescimento da proporção de pessoas de 40 a 59 anos (de 16,7% para 23,5%) e de 60 anos ou mais (de 7,9% para 11,4%).
O nível da ocupação das pessoas de 10 anos ou mais de idade era de 57,5% em 1992 e registrou alternâncias anuais de redução e elevação até 2003, quando foi de 55,4%. Entre 2003 e 2006, a trajetória foi crescente. Em 2008, o nível da ocupação foi de 57,5%, o maior desde 1996, reduzindo para 56,9% em 2009. Quanto ao nível da ocupação das crianças de 5 a 14 anos de idade, as estimativas apresentaram redução da proporção ocupada. De 1992 a 2009, o nível da ocupação, para as pessoas de 5 a 9 anos de idade reduziu de 3,7% para 0,7%, enquanto que, para o grupo de 10 a 14 anos de idade, a redução foi de 20,4% para 6,9%.
Entre 1992 a 2009, a taxa de desocupação chegou ao nível mais baixo em 1995 (6,1%), atingiu o patamar mais alto em 2003 (9,7%). O índice sofreu oscilações entre 1998 e 2005, variando entre 9% e 9,7%. A partir de 2006 (8,5%) iniciou um processo de queda interrompido em 2009 (8,4%).
Em 1992, 56,6% do total de empregados (exclusive os trabalhadores domésticos) possuíam carteira de trabalho assinada. Em 1999, atingiu o menor percentual, 53,4%. A partir de 2002, houve crescimento do emprego com carteira de trabalho assinada, alcançando a 59,9%, em 2009. Isso levou ao aumento da proporção de ocupados contribuintes para a Previdência de 45,1% em 2002 para 54,1% em 2009.
O rendimento médio mensal de trabalho, entre 1992 e 1996, apresentou ganhos reais anuais, registrando crescimento de 43,2%. Em 1997 e 1998, foram registradas quedas de 1,1% (de 1996 para 1997) e 0,9% (de 1997 para 1998). Em 1999, a perda foi de 7% em relação ao ano anterior. No período de 2001 a 2004, a perda média anual foi de 3,4%, sendo que de 2002 para 2003 foi de 7,4%. A partir de 2005, houve aumento real em todos os anos. De 2005 para 2006, o ganho foi de 7,2%, desacelerando de 2006 para 2007 (3%) e de 2007 para 2008 (1,7%). Em 2009, o crescimento foi de 2,2% frente a 2008, com o rendimento de R$ 1.111,00. Comparando com 1992 (R$ 799,00), o crescimento foi de 39% em 2009. Já frente a 1996, quando se registrou o maior rendimento do trabalho (R$ 1.144,00) desde 1992, houve queda real de 2,9%.
A distribuição da população ocupada por grupamentos de atividade tem mostrado a redução da participação de ocupados na atividade agrícola, que, em 1992, foi 28,4%. Até 2006, essa atividade tinha a maior proporção de pessoas ocupadas, 18,8%. A partir de 2007, a atividade do comércio e reparação passou a registrar a maior proporção de ocupados, 18,1%. Em 2009, a atividade agrícola, a indústria de transformação e o comércio e reparação respondiam por 16,3%, 13,9% e 18%, respectivamente.
A taxa de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos ou mais de idade caiu de 17,2% em 1992 para 9,6% em 2009. No período de 1995 a 2004, segundo dados da Unesco , a média da taxa de analfabetismo na América do Sul foi de 9,3%, enquanto no Brasil, segundo a PNAD, foi de 13,2%. Para o período de 2005 a 2008, a média da taxa foi de 8,1% para a América do Sul e de 10,3%, para Brasil. Segundo esses dados, ainda que o Brasil tenha registrado a média da taxa de analfabetismo superior à da América do Sul, no segundo período essa diferença caiu para 2,2 pontos percentuais, tendo sido de 3,9 pontos percentuais em 1995 a 2004.
Com relação à existência de serviços básicos nos domicílio, destaca-se entre 1992 e 2009 o crescimento dos percentuais de domicílios atendidos por rede geral de abastecimento de água (de 73,3% para 85,3%), a rede coletora ou fossa séptica ligada à rede coletora de esgoto (de 46,4% para 60,0%) e coleta de lixo (de 66,6% para 89,4%).
No mesmo período, aumentou significativamente o percentual de domicílios com telefone móvel e/ou fixo (de 19% para 84,9%). Entretanto, a partir de 2001, constatou-se a redução do percentual de domicílios com apenas telefone fixo convencional (queda de 22 pontos percentuais) e crescimento no daqueles com apenas telefone móvel celular (aumento de 33,5 pontos percentuais).
Quanto à posse de bens duráveis, em 2009, as estimativas revelaram a quase universalização de alguns itens, como o fogão (98,5% dos domicílios), a geladeira (93,9%) e a televisão (96%). Em 2001, 12,6% dos domicílios tinham microcomputador, alcançando 35,1% em 2009. No mesmo período, o crescimento do percentual de domicílios que possuíam microcomputador com acesso à Internet foi de 8,5% para 27,7%.

Comunicação Social 08 de setembro de 2010

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O necessário olhar local do desenvolvimento socioeconômico

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O necessário olhar local do desenvolvimento socioeconômico

O olhar para os espaços socioeconômicos locais reforça a tese de que a análise conjuntural de cunho macroeconômico é insuficiente para o entendimento pleno das questões relativas à formação do produto, geração de emprego, renda e desenvolvimento econômico. A política macroeconômica precisa ser complementada com ações locais até porque, além das diferenças estruturais, institucionalmente, esses espaços são autônomos e apresentam um conjunto de recursos tangíveis e intangíveis de natureza diversa.

Nesse contexto, a percepção sobre a grande importância do governo no processo de dinamização da economia, especialmente nos países da América Latina, parece ser um forte paradigma. Ai sim observa-se a cristalização de um grande problema, ou seja, a baixa preocupação com questões de ordem técnica, especialmente no processo de gestão envolvendo as menores unidades institucionais como, no caso brasileiro, os municípios.

Vejo na organização democrática, em seu estagio de amadurecimento, a motivação para tais gargalos. Decisões estritamente técnicas são dependentes da vontade de grupos de interesses, quase sempre com baixo grau de conhecimento técnico-científico, que atuam segundo a orientação partidária em detrimento do bem estar comum. Os reflexos dessas ações implicam em substanciais gastos de baixa qualidade que não refletem em resultados fundamentais para a sociedade.

Seguindo tal raciocínio podemos verificar contradições conceituais importantes, como a relacionada à correlação entre investimento e emprego. Se na teoria essa relação é verdadeira, podemos identificar a sua falha quando analisamos algumas conjunturas locais especificas, como no caso dos municípios produtores de petróleo na Região Norte Fluminense. Tal fato ratifica a natureza qualitativa dos gastos e a ausência de conhecimento técnico no planejamento econômico.

Uma outra contradição diz respeito à relação envolvendo um alto Produto Interno Bruto (PIB) e seus reflexos na formação de riqueza real no município. Os mesmos municípios produtores de petróleo da região que concentra 85% do petróleo nacional, apesar do robusto orçamento, apresentam sinais contundentes de pobreza com uma renda média salarial baixa, baixo padrão educacional, desemprego e baixa competitividade das atividades econômicas de base.

Essas questões paradoxais dirigem a reflexão para a base organizacional das relações sociais em cada espaço. Na verdade o que vai ditar a absorção dos bons fundamentos essências para o desenvolvimento local e cristalizá-los no “DNA”, próprio para a evolução socioeconômica, é o capital social existente em cada local, podendo ter sido desenvolvido na trajetória de sua história ou mesmo, construído por indução a partir do alto conhecimento existente e aceito localmente.

Se essas idéias são verdadeiras, os esforços implementados por governos, no sentido de disponibilizar recursos financeiros, ou mesmo tecnológicos, para investimentos nas diferentes atividades econômicas podem não gerar os resultados esperados, já que o “DNA” local não foi devidamente mapeado e, portanto, o nível de conhecimento é insuficiente para gerar decisões essenciais. Tal fato associado à negação do conhecimento técnico fora do contexto político partidário representa o grande gargalo do desenvolvimento local.

Fonte: http://economianortefluminense.blogspot.com/

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

IBGE: PIB cresce 1,2% no trimestre e chega a R$ 900,7 bi





Em relação ao primeiro trimestre de 2010, o PIB (Produto Interno Bruto)1a preços de mercado do segundo trimestre de 2010 cresceu 1,2%, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal2. A agropecuária registrou o maior aumento (2,1%), seguida pela indústria (1,9%) e pelos serviços (1,2%).
Na comparação com o segundo trimestre de 2009, o PIB cresceu 8,8%. Dentre as atividades econômicas, destacou-se a indústria (13,8%), seguida pela agropecuária (11,4%) e pelos serviços (5,6%).
No acumulado nos quatro trimestres terminados no segundo trimestre de 2010, o crescimento foi de 5,1% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. No acumulado no ano de 2010, em relação ao mesmo período de 2009, o PIB variou 8,9%. O PIB em valores correntes alcançou R$ 900,7 bilhões.
Em relação ao 1º tri de 2010, agropecuária é atividade que cresce mais
O PIB cresceu 1,2% na comparação do segundo trimestre de 2010 contra o primeiro trimestre do ano, e o maior destaque foi a agropecuária (2,1%), seguida pela indústria (1,9%). Os serviços apresentaram crescimento de 1,2%.
Em relação aos componentes da demanda interna, destaque para o crescimento da formação bruta de capital fixo (FBCF, ou investimento planejado), com expansão de 2,4% no segundo trimestre deste ano. A despesa de consumo das famílias cresceu 0,8%, enquanto a despesa de consumo da administração pública cresceu 2,1%.
Pelo lado do setor externo, tanto as exportações (1,0%) como as importações de bens e serviços (4,4%) apresentaram crescimento.
Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, indústria tem melhor desempenho
Na comparação com o segundo trimestre de 2009, o PIB cresceu 8,8%, sendo que o valor adicionado cresceu 8,2% e os impostos sobre produtos, 12,6%. Dentre as atividades, mesmo desacelerando em relação à taxa do trimestre anterior, destaca-se o crescimento da indústria (13,8%). Por outro lado, a agropecuária acelerou, passando a crescer 11,4%, seguida pelos serviços, com aumento de 5,6%.
Todas as atividades industriais apresentaram crescimento de dois dígitos, sendo que a maior expansão se deu na construção civil (16,4%), em grande parte por conta da expansão do crédito direcionado, em termos nominais, de 34,0%. Além disso, houve um aumento de 14,1% na extrativa mineral, seguida pela indústria de transformação (13,8%) e por eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (10,8%).
A taxa da agropecuária pode ser, em grande parte, explicada por dois fatores: aumento da produtividade e desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no trimestre3. Esse é o caso, por exemplo, da soja, do café, do milho e do algodão, com estimativas de aumento de produção, no ano de 2010, de 19,8%, 13,2%, 4,4% e 2,2%, respectivamente. Por outro lado, o arroz, cuja safra também é significativa no período, apresentou queda de produção da ordem de 10,3%.
Entre os serviços, todas as atividades registraram variações positivas, com destaque para o comércio (atacadista e varejista), com crescimento de 11,8%; transporte, armazenagem e correio (11,2%); e intermediação financeira e seguros (9,8%). Os serviços de informação cresceram 3,4%. A atividade outros serviços, que além dos serviços prestados às empresas, engloba serviços prestados às famílias, saúde mercantil, educação mercantil, serviços de alojamento e alimentação, serviços associativos, serviços domésticos e serviços de manutenção e reparação, cresceu 2,6%. Mesmo desempenho teve a atividade de administração, saúde e educação pública (2,6%). Por fim, os serviços imobiliários e aluguel cresceram 1,9%.
Frente a 2009, formação bruta de capital fixo tem maior expansão da série histórica
Dentre os componentes da demanda interna, a despesa de consumo das famílias cresceu 6,7%, a 27ª variação positiva consecutiva nessa comparação. Um dos fatores que contribuíram para esse resultado foi o crescimento de 7,3% na massa salarial real, no segundo trimestre de 2010, aliado, no mesmo período, ao aumento nominal de 17,1% do saldo de operações de crédito para as pessoas físicas. Já a despesa de consumo da administração pública cresceu 5,1%.
Mas o principal destaque veio da formação bruta de capital fixo, que teve expansão de 26,5% em relação ao segundo trimestre de 2009, o maior crescimento desde o início da série histórica, em 1996. Dentre os fatores que contribuem para explicar esse crescimento, destacam-se a expansão da produção interna e da importação de máquinas e equipamentos, bem como o comportamento da taxa básica de juros Selic no período, além da baixa base de comparação do 2º trimestre de 2009.
Pelo lado da demanda externa, as exportações (7,3%) e as importações de bens e serviços (38,8%) apresentaram crescimento. A valorização cambial ajuda a explicar o maior crescimento relativo das importações, e os produtos que mais contribuíram para esse resultado foram siderurgia; refino do petróleo e petroquímicos; veículos; têxteis; borracha; equipamentos eletrônicos; extrativa mineral; e material elétrico.
Em 12 meses, destaques também são indústria e investimento
O PIB acumulado nos quatro trimestres terminados no segundo trimestre de 2010 cresceu 5,1% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores, resultado da elevação de 4,7% do valor adicionado a preços básicos e do aumento de 7,6% nos impostos sobre produtos. O resultado do valor adicionado nessa comparação decorreu dos seguintes desempenhos: indústria (5,6%), serviços (4,5%) e agropecuária (1,6%).
Dentre as atividades industriais, destaque para a extrativa mineral (7,6%), seguida pela indústria de transformação (5,9%), construção civil (5,5%) e eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (4,1%). Já nos serviços, as maiores elevações ocorreram em intermediação financeira e seguros (8,4%), no comércio (7,7%) e em transporte, armazenagem e correio (6,3%).
Na análise da demanda, a formação bruta de capital fixo cresceu 8,9%, seguida pela despesa de consumo das famílias (6,9%). A despesa de consumo da administração pública, por sua vez, cresceu 3,4%. No âmbito do setor externo, as exportações (0,7%) e as importações (12,7%) apresentaram crescimento.
Após queda em 2009, PIB tem maior crescimento da série histórica no primeiro semestre
No primeiro semestre de 2010, o PIB cresceu 8,9%, em relação a igual período de 2009. Foi o melhor desempenho histórico para um semestre desde o início da série, em 1996. Na mesma base de comparação, a indústria cresceu 14,2%, seguida pela agropecuária (8,6%) e pelos serviços (5,7%).
Dentre as quatro atividades da indústria, os maiores crescimentos ficaram com a construção civil (15,7%) e a indústria de transformação (15,4%). Tiveram variações positivas também a extrativa mineral (13,9%) e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (9,5%). Nos serviços, as maiores altas foram no comércio (13,5%) e em transporte, armazenagem e correio (11,8%). As atividades de intermediação financeira e seguros (9,4%), serviços de informação (3,0%), outros serviços (2,5%), administração, educação e saúde pública (2,5%) e serviços imobiliários e aluguel (1,9%) também registraram expansão.
Na análise da demanda interna, mais uma vez destaca-se o crescimento de 26,2% da formação bruta de capital fixo – o maior da série histórica iniciada em 1996 –, seguido pela despesa de consumo das famílias (8,0%) e a despesa de consumo da administração pública (3,6%). Analisando o setor externo, as importações (39,2%) tiveram o maior crescimento da série e registraram expansão superior à das exportações (10,5%).
PIB chega a R$ 900,7 bilhões no segundo trimestre de 2010
O PIB a preços de mercado, para o segundo trimestre de 2010, alcançou R$ 900,7 bilhões, sendo R$ 769,5 bilhões referentes ao valor adicionado e R$ 131,2 bilhões aos impostos sobre produtos. A tabela a seguir mostra os valores por atividade, segundo as diversas óticas do PIB.
A taxa de investimento no segundo trimestre de 2010 foi de 17,9% do PIB, superior à taxa referente ao mesmo período do ano anterior (15,8%). A taxa de poupança (18,1%) também superou a de 2009 (16,0%).
No resultado do segundo trimestre de 2010, a necessidade de financiamento alcançou R$ 24,3 bilhões contra R$ 7,6 bilhões no mesmo período do ano anterior, aumento explicado, principalmente, pela redução no saldo externo de bens e serviços, no montante de R$ 12,9 bilhões, e pelo aumento de R$ 3,4 bilhões em renda líquida de propriedade enviada ao resto do mundo.
A renda nacional bruta atingiu R$ 879,7 bilhões no segundo trimestre de 2010, contra R$ 761,6 bilhões no respectivo período de 2009, e a poupança bruta chegou a R$ 162,8 bilhões, contra R$ 124,6 bilhões no mesmo período do ano anterior.
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1 Bens e serviços produzidos no país descontadas as despesas com os insumos usados no processo de produção durante o ano.
2 As séries da agropecuária, indústria, serviços, valor adicionado, PIB, despesa de consumo da administração pública, despesa de consumo das famílias, formação bruta de capital fixo, exportações e importações de bens e serviços são ajustadas sazonalmente de maneira direta, ou seja, individualmente.
3 Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE).
Comunicação Social03 de setembro de 2010